Tenho pensado sobre como lidamos com o \u201ctempo\u201d e atividades.<\/p>\n

Tempo\u2026 Ah…muitas vezes na vida nos inserimos num regime muito rigoroso por op\u00e7\u00e3o e em tudo\u2026 em hor\u00e1rios, em ordem, manuten\u00e7\u00e3o do lar, compromissos pessoais, profissionais e at\u00e9 espirituais\u2026<\/p>\n

Digo por op\u00e7\u00e3o, pois para tudo na vida h\u00e1 limite, e n\u00e3o podemos ser ref\u00e9ns dessa aus\u00eancia, at\u00e9 nas nossas atitudes. N\u00e3o \u00e9 somente ao outro e \u00e0s coisas ruins que devemos impor limites, mas principalmente a n\u00f3s mesmos e tamb\u00e9m diante das coisas que nos s\u00e3o prazerosas, pois tudo em excesso \u00e9 danoso. Correr sem respeitar nosso corpo \u00e9 prejudicial, estou vivendo esse desagrad\u00e1vel momento, onde uma les\u00e3o hoje me impede de fazer o que amo. Foi a aus\u00eancia de limite volunt\u00e1ria, que hoje for\u00e7osamente me imp\u00f5e o limite que eu deveria ter tido outrora.<\/p>\n

Nos colocamos em uma agenda de hor\u00e1rios t\u00e3o exigente, onde o que sair fora do \u201cprogramado\u201d pode comprometer todo cronograma preestabelecido. O pior, \u00e9 que muitas vezes nos vangloriamos de ser uma pessoa com esse n\u00famero gigantesco de atividades. Nos sentimos \u201cvalentes\u201d, \u201cimportantes\u201d. Esse rigor se estende \u00e0s rela\u00e7\u00f5es pessoais, inclusive nos impossibilitando de fazer algo inesperado dada a desestrutura\u00e7\u00e3o daquele calend\u00e1rio preexistente, ganha-se muitas vezes dinheiro mas perde-se vida.<\/p>\n

Surpresas ou imprevistos s\u00e3o algo extremamente desagrad\u00e1veis quando se tem pouco tempo, nos comportamos como verdadeiros soldadinhos de chumbo que s\u00f3 sabem marchar e bater contin\u00eancia. Detalhe…gastamos muitas vezes tempo e rigor absolutamente para nada, vivendo numa bola de fogo que n\u00e3o trar\u00e1 nada em ess\u00eancia, que fique de verdade no cora\u00e7\u00e3o e vida da gente. Para qu\u00ea acumular tanta coisa se desta vida nada levaremos a n\u00e3o ser aquilo que temos dentro do cora\u00e7\u00e3o? Uma coisa \u00e9 ir em busca do viver bem, outra bem diferente \u00e9 acumula\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

N\u00e3o temos tempo para um amigo, virou moda a express\u00e3o \u201cestou na correria\u201d, \u201c vida louca\u201d, e como se isso fosse algo positivo. Me espanto quando num pequeno di\u00e1logo com algumas pessoas, mesmo atrav\u00e9s de uma rede social, e ao questionar a aus\u00eancia repentina, a resposta que recebo geralmente \u00e9\u2026 \u201cEstou numa correria…trabalho, mas est\u00e1 tudo bem.\u201d Gente… como assim est\u00e1 tudo bem?!? Est\u00e1 tudo errado!!! Quanto mais vamos andar em dire\u00e7\u00e3o a esse abismo, e come\u00e7ar a despertar e ver que n\u00e3o \u00e9 esse o caminho? Quando vamos viver de verdade?!? Como gente de verdade?!? Onde nos perdemos?<\/p>\n

Eu n\u00e3o estou querendo defender bandeira aqui de que devemos parar de trabalhar, n\u00e3o! Mas quando vamos nos dar conta de forma real, que estamos deixando de lado pessoas que nos querem bem, para viver com m\u00e1quinas e feito m\u00e1quinas? N\u00e3o somos feitos de fios nem de engrenagens! E \u00e9 justamente isso que estamos acumulando em detrimento das rela\u00e7\u00f5es de afeto.<\/p>\n

N\u00e3o temos tempo para visitar algu\u00e9m que est\u00e1 doente, ali\u00e1s n\u00e3o nos preocupamos em acompanhar o processo de recupera\u00e7\u00e3o dessa pessoa. Apenas desejamos \u201cMelhoras!\u201d O \u201cMelhoras!\u201d \u00e9 uma forma de aliviar a nossa consci\u00eancia para o desinteresse pelo que o outro vai passar ou est\u00e1 passando. E tristemente nos acostumamos com isso.<\/p>\n

A pergunta \u201cComo voc\u00ea est\u00e1?\u201d por exemplo, virou mero protocolo. Se voc\u00ea prestar aten\u00e7\u00e3o… quando passamos por algu\u00e9m, e me incluo nisso, e a pessoa nos diz… Oi tudo bem? Imediatamente respondemos… Tudo e voc\u00ea? \u00c9 autom\u00e1tico. Mas raramente paramos para ouvir a resposta daquilo que perguntamos… e continuamos simplesmente caminhando em sentido contr\u00e1rio ao outro, at\u00e9 nos cruzarmos e seguirmos cada um o seu caminho como antes\u2026 \u00c9 impressionante como estamos perdendo a sensibilidade…<\/p>\n

\u00c9 \u00f3bvio que isso n\u00e3o \u00e9 um comportamento generalizado, existe muita gente desperta no mundo, mas observo muito isso prestando aten\u00e7\u00e3o ao comportamento das pessoas. Para aprender a observar \u00e9 necess\u00e1rio tamb\u00e9m observar-se. N\u00e3o identificamos aquilo que n\u00e3o conhecemos, ent\u00e3o, as grandes mudan\u00e7as primeiro tem que acontecer dentro de n\u00f3s, sen\u00e3o acharemos tudo normal da mesma forma como muitos acham. Espantar-se com o corriqueiro, s\u00f3 acontece se voc\u00ea n\u00e3o segue o fluxo, do contr\u00e1rio n\u00e3o haver\u00e1 nada que cause perplexidade.<\/p>\n

Pseudo fortes defendem que ser sens\u00edvel se tornou sin\u00f4nimo de fraco num mundo duro, frio e calculista. Por\u00e9m, dou gra\u00e7as quando percebo que apesar de todas as circunst\u00e2ncias da vida, ainda preservo isso em mim, e \u00e9 justamente isso que me fortalece. A sensibilidade!<\/p>\n

Instagram @limacarlise
\nFacebook Carlise Lima<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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